Nostalgia ou incapacidade de viver no presente

Quando olho para o passado e me recordo das pessoas que se foram — meus avós, tios, tios-avôs, primos, conhecidos, ex-colegas de escola e trabalho — penso no quanto foram relevantes (ou não) para a minha vida e no espaço que deixaram vazio. Mas essa suposta lacuna sequer existe. Como a natureza nos mostra, o vazio não existe de fato, pois o ar costuma ocupar os espaços onde havia um objeto ou uma pessoa. Entretanto, pessoas não substituem pessoas, pois cada ser humano é único na perspectiva de outro indivíduo. Diante de um dilema aparentemente fútil, esconde-se uma armadilha traiçoeira e muito eficaz nos dias atuais. Quem acaba caindo nela — e todos caem em algum momento — é acometido por depressão ou ansiedade. Não à toa, esses são os grandes males do novo milênio. Quem teria armado essa armadilha? A psiquiatria, os psicólogos, a indústria farmacêutica, os políticos, os empresários gananciosos, os líderes religiosos, a indústria do entretenimento — ou todos juntos? A resposta ...