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Mostrando postagens com o rótulo identidade artística

Filosofia, Linguagem e a Alma da Composição

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  Por volta de 2017, iniciei um curso online de filosofia com o intuito de desenvolver habilidades complementares aos meus estudos artísticos. A motivação era clara: enquanto músicos investem tempo e dinheiro em aprimoramento técnico — participando de fóruns, mentorias, aulas e consumindo toneladas de conteúdo especializado — percebi que havia um vazio quando o assunto era conteúdo autoral . Esse investimento técnico resulta, sem dúvida, em versatilidade, precisão e segurança na execução de peças complexas. Muitos desses instrumentistas se tornam virtuoses reconhecidos. No entanto, quando decidem escrever suas próprias músicas, frequentemente expõem uma certa infantilidade conceitual ao abordar temas como ficção científica, esoterismo, espiritualidade, política ou psicologia. O resultado? Obras que, embora tecnicamente impecáveis, soam rasas — servindo mais como portfólio para futuras gigs ou agradando apenas a outros músicos. Os exemplos são abundantes. Admiro profundamente mui...

Porque a letra vem primeiro

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  Em postagens anteriores, falei sobre a busca por uma identidade artística e o reconhecimento da própria história. Embora essas publicações possam parecer independentes, considero a segunda uma continuação natural da primeira — seu complemento. Admiro profundamente artistas que constroem sua arte a partir da estética ou da técnica. Nem preciso citar nomes: eles estão espalhados por todas as minhas referências ao longo dos anos. No entanto, ao revisitar minha discografia autoral — especialmente com In Pace , Waiftown e Heavinna — percebo que essas motivações, por si só, não bastam para que eu me conecte verdadeiramente com minhas próprias composições. Não é uma questão de técnica, produção ou estilo. O que falta é identificação genuína — uma base sólida que represente quem eu sou. Por muito tempo, acreditei que o problema estivesse na minha voz, ou nas diferentes fases em que compus as músicas que hoje estão nos serviços de streaming. Mas entendi que isso tudo são nuances de g...

A difícil arte de imprimir identidade: reflexões sobre criação autoral

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  Uma das inquietações mais recorrentes entre aqueles que buscam desenvolver um trabalho artístico autoral é, paradoxalmente, de formulação complexa: como injetar personalidade genuína em uma obra? Muitos confundem identidade com elementos técnicos e reconhecíveis, como timbres vocais ou instrumentais, traçado visual, paleta de cores, recorte temático ou nicho de atuação. Ainda que tais traços auxiliem o mercado e o público a identificar um artista, não são necessariamente a expressão de sua personalidade verdadeira — aquela que transita no campo do intangível. Não apresentarei aqui respostas objetivas, pois como se verá ao longo do texto, este assunto é constituído por nuances demasiadamente particulares e sutis para serem enquadradas em uma teoria universal. Considerando que a arte é, fundamentalmente, um tipo de linguagem, pouco importa o refinamento técnico ou a qualidade das ferramentas utilizadas, caso o artista não tenha algo a expressar com honestidade e capaz de gerar co...