Postagens

Mostrando postagens com o rótulo música autoral

Gratidão ou desculpas?

Imagem
Neste Dia dos Pais, estando incluso nas celebrações da data, tiro um momento para “pôr no papel” uma espécie de confissão, cujo tema tem ocupado minhas reflexões na última semana e, de certa forma, remete a um sentido mais amplo de paternidade. Creio já ter citado meus “filhos feios” artisticamente ao mencionar essa expressão em um texto anterior, no qual falava sobre algumas músicas que gravei mas não publiquei em lugar algum. O motivo para não divulgar tais trabalhos é um amálgama de covardia e falso perfeccionismo. Não há dúvidas de que, primeiramente, eu sou um covarde por natureza. Não que tenha fugido de embates físicos ou verbais ao longo de minha história — muito pelo contrário. Consegui, com a maturidade, desenvolver uma personalidade que sequer suscita esse tipo de disputa, já que pouquíssimas coisas no mundo me são tão caras a ponto de motivarem uma briga física ou um debate verbal mais acalorado. Até porque, para a segunda hipótese, sequer haveria um oponente à altura par...

Filosofia, Linguagem e a Alma da Composição

Imagem
  Por volta de 2017, iniciei um curso online de filosofia com o intuito de desenvolver habilidades complementares aos meus estudos artísticos. A motivação era clara: enquanto músicos investem tempo e dinheiro em aprimoramento técnico — participando de fóruns, mentorias, aulas e consumindo toneladas de conteúdo especializado — percebi que havia um vazio quando o assunto era conteúdo autoral . Esse investimento técnico resulta, sem dúvida, em versatilidade, precisão e segurança na execução de peças complexas. Muitos desses instrumentistas se tornam virtuoses reconhecidos. No entanto, quando decidem escrever suas próprias músicas, frequentemente expõem uma certa infantilidade conceitual ao abordar temas como ficção científica, esoterismo, espiritualidade, política ou psicologia. O resultado? Obras que, embora tecnicamente impecáveis, soam rasas — servindo mais como portfólio para futuras gigs ou agradando apenas a outros músicos. Os exemplos são abundantes. Admiro profundamente mui...

Porque a letra vem primeiro

Imagem
  Em postagens anteriores, falei sobre a busca por uma identidade artística e o reconhecimento da própria história. Embora essas publicações possam parecer independentes, considero a segunda uma continuação natural da primeira — seu complemento. Admiro profundamente artistas que constroem sua arte a partir da estética ou da técnica. Nem preciso citar nomes: eles estão espalhados por todas as minhas referências ao longo dos anos. No entanto, ao revisitar minha discografia autoral — especialmente com In Pace , Waiftown e Heavinna — percebo que essas motivações, por si só, não bastam para que eu me conecte verdadeiramente com minhas próprias composições. Não é uma questão de técnica, produção ou estilo. O que falta é identificação genuína — uma base sólida que represente quem eu sou. Por muito tempo, acreditei que o problema estivesse na minha voz, ou nas diferentes fases em que compus as músicas que hoje estão nos serviços de streaming. Mas entendi que isso tudo são nuances de g...