Qual história você vai escolher viver?
Se há uma verdade incontestável, é esta: somos fruto de nossas histórias. Antes de completarmos os três ciclos do amadurecimento, percorremos um caminho que começa na completa dependência e evolui até o ingresso na vida adulta. Cada geração enfrenta esse processo à sua maneira, com suas resistências e razões, mas é justamente assim que seguimos avançando: passo a passo, sempre no presente.
A cada etapa — a cada dia, mês, ano, década — somos consequência do que veio antes. Essa cadeia de experiências forma a nossa história. É através dela que nos movemos pelo tempo e, mais ainda, é por ela que existimos.
Agora, uma provocação: e se o maior cineasta da história dirigisse um filme sobre a sua vida? Ou se o mais brilhante dos escritores decidisse contar sua jornada em um livro? Como essa história seria contada?
À primeira vista, isso pode parecer bobagem — e talvez até seja, para quem acorda todos os dias odiando o que faz, esperando apenas que o relógio corra mais rápido. Essas pessoas vivem preenchendo o tempo com distrações, fugindo de si mesmas, adiando decisões que poderiam transformar suas vidas... até desistirem completamente.
Mas por que isso acontece com tanta frequência?
Alguns teóricos — e me incluo entre eles — acreditam que há um descompasso entre o tempo cronológico e o tempo emocional. Muitas pessoas ficam presas no passado, revivendo dores, traumas, desilusões. Outras vivem projetando a felicidade para o futuro: o próximo final de semana, as férias, o novo ano, a aposentadoria. O agora, o presente, se torna apenas um lugar de espera. E, fora raros momentos de entusiasmo ou contentamento, viver parece um fardo pesado demais.
Por isso, talvez seja hora de se afastar do “rebanho” — ainda que por um instante — e revisitar sua própria história com outros olhos. Olhe para sua trajetória como se ela fosse de outra pessoa. Avalie, reflita, entenda o contexto. Só depois julgue. Mas sem culpar, sem condenar. Esse exercício traz clareza, e da clareza vem a liberdade de sair do ciclo de frustração.
Desça do trem do “lugar comum”.
Sortudos são os que têm diários. Imagina ter um resumo de cada passo dado, cada página virada? Eu não sou uma dessas pessoas. Sempre optei por viver de forma intensa — mas muitas vezes, intensa apenas na expectativa: esperando dar 18h, esperando pela sexta-feira, pelas férias, esperando…
E o que essa espera me dava? Quase sempre, desilusão.
Não é fácil mudar. Mas é simples.
Se uma atividade, relação ou hábito se tornou insuportável, a atitude mais honesta pode ser encerrar o ciclo. Por mais que traga perdas imediatas, continuar é um desperdício — especialmente do nosso bem mais precioso: o tempo.
Por fim, enxergar nossa vida como o roteiro de um filme ou o tema central de um grande livro não é só poético — é um convite à consciência. É uma forma de sincronizar com o tempo verdadeiro, o tempo kairós — aquele em que vivemos de corpo e alma no presente, sem os grilhões do passado nem as miragens do futuro.
Quando silenciamos as vozes ruidosas da mente, conseguimos ouvir a nossa música interior. Dançar ao seu ritmo é dar um passo rumo a uma vida mais autêntica — mesmo que o mundo insista em desafinar ao redor.
Então, aqui vai minha última pergunta:
🖋️ Se você é ao mesmo tempo a protagonista e a roteirista da sua própria história…
Que enredo deseja viver a partir de agora?
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