A verdade sobre a motivação, o caráter e a diferença entre os homens
É possível afirmar, com razoável convicção, que os fundamentos do capitalismo moderno foram semeados ainda na antiguidade, especialmente sob a influência do Império Romano. Embora outros impérios tenham existido antes, foram os gregos e romanos que moldaram o pensamento ocidental e estabeleceram as bases de um sistema que, com adaptações, sobrevive até hoje.
O dinheiro, pilar central do capitalismo, tornou-se não apenas um meio de troca, mas o principal termômetro da felicidade e da realização pessoal. Desde a infância, somos condicionados a acreditar que o sucesso está diretamente ligado à acumulação de bens. Essa ideia se enraíza com o tempo, transformando-se em obsessão. Não é raro ouvirmos frases como “Todo homem tem seu preço”, que, de tão repetidas, passaram a ser aceitas como verdades universais.
Desde os primeiros anos escolares, o indivíduo é preparado para servir ao sistema. Estuda, se aperfeiçoa, dedica a maior parte da vida à manutenção de uma engrenagem que gira em torno do capital. Mesmo quando não estamos trabalhando, estamos consumindo — seja ao nos locomover, nos alimentar ou buscar lazer. O dinheiro permeia todas as esferas da vida civilizada, tornando-se impossível ignorá-lo.
Particularmente, vejo o dinheiro como o princípio ativo dos maiores males humanos. Ele motiva guerras, assassinatos, roubos, humilhações e outras atrocidades. A pergunta que se impõe é: podemos confiar em alguém que tem um preço? Ou melhor: podemos confiar em alguém? A resposta, infelizmente, tende ao ceticismo.
As exigências do mercado de trabalho ilustram bem essa realidade. Somos instados a sermos competitivos, proativos, resilientes, a nos reciclar constantemente. Devemos colocar o trabalho acima da saúde, da família, da vida pessoal — tudo em nome da estabilidade financeira.
Além da dependência econômica, enfrentamos uma crise de valores. A moral, o caráter e a honestidade parecem cada vez mais escassos. O dinheiro justifica traições, homicídios, corrupção, imoralidades e até a venda simbólica da própria alma. Ele compra amor, respeito, confiança e status. Quem acumula riqueza não precisa de mais nada — será admirado, desejado e reverenciado.
A sociedade, em sua hipocrisia, espera que nos moldemos a esse padrão. A honestidade deixou de ser uma virtude; o que importa é a habilidade de enriquecer. Roubar, mentir, manipular — tudo é permitido, desde que se alcance o topo.
Ao refletir sobre esse estilo de vida imposto, torna-se evidente que a criminalidade, a desigualdade social e a corrupção são consequências inevitáveis. Quem afirma possuir caráter, seguir uma religião voltada ao desapego material ou lutar por justiça econômica, frequentemente mente — ou, no mínimo, ignora a complexidade do sistema que alimenta.
A única verdade que parece resistir é o dinheiro. O que deveria ser um meio de sobrevivência tornou-se o fim último da existência humana. Seremos amados, respeitados e valorizados enquanto pudermos pagar por isso.
Mesmo o mendigo, que abdica de moradia, vaidade e dignidade, ainda busca dinheiro — seja pedindo ou roubando. As diferenças de etnia, cultura, filosofia e opinião existem, mas o que realmente separa os homens são suas contas bancárias. Todo o resto é secundário.
Filhos de ricos nascem abençoados; filhos de pobres, amaldiçoados. E o que pode alterar essa realidade? A capacidade de enganar, roubar, mentir — e, em raríssimos casos, trabalhar.

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