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A influência do black metal na música da Heavinna

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  Quando comecei a tocar violão, como outrora já dissera, minha única ambição era participar dos louvores da igreja à qual frequentava com meus avós. Pudera, naquela época eu tinha apenas uns sete para oito anos de idade e mal havia ingressado na escola (ou nem ingressara ainda). Porém, conforme tinha contato com a cultura externa à rotina de meus avós, eu ia desenvolvendo novos gostos de acordo com as experiências que passava a vivenciar. Foi assim que tive a oportunidade de tocar em uma guitarra plugada a um amplificador, ambos emprestados de um amigo meu. Não demorou para que eu passasse a tocar nas bandinhas do colégio, tanto como guitarrista quanto como baixista. Pois foi no baixo que me destaquei no underground, a partir da entrada na Desaster, que mais tarde seria o núcleo da Evocation por um tempo. Minha participação na Evocation, em particular, foi uma experiência realmente importante. Embora tivesse participado de gravações e alguns shows pequenos, foi com ela que fiz me...

Rotina, arte e a busca por sentido

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Você é daquelas pessoas que acorda cedo de segunda a sexta-feira, pega um transporte qualquer e se desloca de casa para um lugar onde deixa cerca de dez horas do seu dia em troca de um salário? Ou talvez tenha um cômodo em casa transformado em estação de trabalho, onde fica à disposição de uma empresa vinte e quatro horas por dia? Com esse salário, você paga contas, compra comida, roupas, eletrodomésticos — ou qualquer bugiganga inútil que pareça atraente na internet? Começa cada dia torcendo para que ele acabe logo, cada semana esperando pelo fim, cada ano aguardando pelas férias? Reclama que o salário é insuficiente, o chefe é um otário, os colegas são umas “malas”, a família é um tédio... e que há poucos momentos que realmente valem a pena — talvez assistindo a um filme, maratonando séries, rodando o feed das redes sociais ou jogando? Quantas vezes você sonhou com um salário maior, um emprego melhor, uma família perfeita, momentos de qualidade como uma viagem ou algo realmente inter...

Gratidão ou desculpas?

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Neste Dia dos Pais, estando incluso nas celebrações da data, tiro um momento para “pôr no papel” uma espécie de confissão, cujo tema tem ocupado minhas reflexões na última semana e, de certa forma, remete a um sentido mais amplo de paternidade. Creio já ter citado meus “filhos feios” artisticamente ao mencionar essa expressão em um texto anterior, no qual falava sobre algumas músicas que gravei mas não publiquei em lugar algum. O motivo para não divulgar tais trabalhos é um amálgama de covardia e falso perfeccionismo. Não há dúvidas de que, primeiramente, eu sou um covarde por natureza. Não que tenha fugido de embates físicos ou verbais ao longo de minha história — muito pelo contrário. Consegui, com a maturidade, desenvolver uma personalidade que sequer suscita esse tipo de disputa, já que pouquíssimas coisas no mundo me são tão caras a ponto de motivarem uma briga física ou um debate verbal mais acalorado. Até porque, para a segunda hipótese, sequer haveria um oponente à altura par...

Grunge, black metal e MTV

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                                                    Grunge, Black Metal e a MTV                                                    Domingo, 03 de agosto de 2025 Não é segredo pra ninguém que a MTV teve grande impacto na cultura brasileira no início da década de 1990. Coincidentemente, eu estava na minha adolescência, e não tinha como não ser influenciado pela programação da emissora, já que as rádios seguiam as mesmas tendências. Para quem não se recorda, essa época marcou o auge do movimento oriundo de Seattle, grosseiramente chamado de grunge. Bandas como Nirvana, Alice in Chains, Soundgarden, Pearl Jam e tantas outras concorriam com as já populares Guns N’ Roses e Metallica. Outros movimentos também tiveram um revival, como o ...

Para que serve a teoria musical

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  🎼 Para que serve a teoria musical, afinal?                                            ✍️  Por Kako Ramos                                              A pergunta que dá nome a esta postagem me foi feita inúmeras vezes — por curiosos, aspirantes a músicos e até por gente que só queria entender melhor o que ouvia. Por muito tempo, confesso, minhas respostas eram evasivas, recheadas de explicações prontas e clichês que não convenciam ninguém sobre a importância desse conhecimento, não só para músicos, mas para qualquer pessoa com o mínimo de curiosidade cultural. Hoje, após quase quatro décadas mergulhado no estudo, na prática e no ensino da música, posso oferecer uma resposta direta e contundente. Não prometo simplicidade — mas prometo honestidade, pois...

Adeus, Ozzy!

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  Ozzy Osbourne: Acima de tudo um ícone do heavy metal Por Kako Ramos Hoje, 22 de julho de 2025, o mundo se despede de uma entidade musical que atravessou décadas, estilos, polêmicas e revoluções culturais. Ozzy Osbourne morreu aos 76 anos, cercado pela família e por uma legião de fãs que, como eu, aprenderam a ver na música não apenas entretenimento, mas como uma forma de existir. Não é fácil escrever sobre alguém que, mesmo sem saber da minha existência, influenciou diretamente minha trajetória musical. Ozzy não era apenas um vocalista de uma banda clássica — ele era um artista único e inconfundível. Um símbolo de tudo que é visceral, imperfeito, intenso e, acima de tudo, verdadeiro. Sua voz característica e sua postura no palco não eram apenas performance: eram a tradução de uma alma inquieta que nunca se conformou com as próprias limitações (era disléxico) e teve diversos problemas de saúde devido ao uso de drogas e suas atitudes extremas. ⚡ O nascimento do metal e o ato ...

Realização

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  🎸 Entre o Som e o Silêncio: Uma Jornada Musical de Quase Cinco Décadas Por Paulo Kako Ramos Ao longo da minha jornada de quase cinco décadas, tive inúmeras oportunidades de conviver com pessoas pelas quais cultivei um carinho imenso. Mesmo que hoje não mantenha contato com muitas delas — por desencontros, distanciamentos ou rupturas inevitáveis — essas relações deixaram marcas profundas. Foram parte de um contexto que fez minha vida valer a pena, pelas lembranças que carregam. Curiosamente, a mentalidade dessas pessoas era muito parecida com a minha em relação ao futuro: havia um consenso silencioso de que viver era trabalhar em um emprego enfadonho ou extenuante, receber um salário e “existir de verdade” apenas nos finais de semana, nas férias ou na aposentadoria. O que me diferenciava, talvez, era a crença de que essa rotina não seria permanente. Eu confiava que minha paixão pela música me levaria além — que ela seria a ponte para transcender barreiras financeiras, cultura...