Devaneios de consciência
Eis que sentimos a angústia de quem perde um ente querido. A dor da impotência invade o corpo quando tentamos, em vão, reverter o inevitável. O ar parece insuficiente para encher os pulmões, enquanto as paredes se fecham como se quisessem nos esmagar. Sufocamos à espera de uma morte que nunca chega, como se ela fosse a única libertação possível. A mente nos trai. O que vemos não é real — ou talvez seja, mas não conseguimos compreender. Estamos expostos à própria sorte, cada vez mais falha, cada vez mais traiçoeira. Buscamos refúgio em músicas antigas, em lembranças distantes, tentando extrair algum prazer que justifique uma existência tão dolorosa. Tentamos estreitar os poucos laços que temos, na esperança de que alguém compartilhe nossa dor. Valorizamos o que não importa, apenas para dar sentido aos dias de agonia. Fantasiamos uma vida melhor, mesmo sabendo que essas ilusões duram pouco. E quando se desfazem, nos resta apenas o vazio. Nossas vidas tornaram-se bizarras. Somos car...