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A verdade sobre a motivação, o caráter e a diferença entre os homens

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  É possível afirmar, com razoável convicção, que os fundamentos do capitalismo moderno foram semeados ainda na antiguidade, especialmente sob a influência do Império Romano. Embora outros impérios tenham existido antes, foram os gregos e romanos que moldaram o pensamento ocidental e estabeleceram as bases de um sistema que, com adaptações, sobrevive até hoje. O dinheiro, pilar central do capitalismo, tornou-se não apenas um meio de troca, mas o principal termômetro da felicidade e da realização pessoal. Desde a infância, somos condicionados a acreditar que o sucesso está diretamente ligado à acumulação de bens. Essa ideia se enraíza com o tempo, transformando-se em obsessão. Não é raro ouvirmos frases como “Todo homem tem seu preço”, que, de tão repetidas, passaram a ser aceitas como verdades universais. Desde os primeiros anos escolares, o indivíduo é preparado para servir ao sistema. Estuda, se aperfeiçoa, dedica a maior parte da vida à manutenção de uma engrenagem que gira em t...

Gratidão

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  Se nos propusermos a inquirir uma vasta gama de indivíduos, oriundos de diferentes estratos e experiências, sobre qual seria a virtude mais relevante e fundamental da condição humana, seríamos inevitavelmente confrontados com uma pletora de respostas heterogêneas. É perfeitamente comum que muitas pessoas sequer possuam uma opinião solidificada a esse respeito, oferecendo, em contrapartida, respostas vagas e imprecisas. No entanto, tal fenômeno é plenamente admissível, dado que o juízo sobre valores éticos é intrinsecamente subjetivo; cada ser humano possui sua própria perspectiva e escala de valores. Frequentemente, as percepções divergem de forma acentuada sobre um mesmo indivíduo: enquanto uns dedicam admiração a alguém por certas características, outros podem não enxergar o mesmo valor, e assim a divergência se estabelece como regra na convivência social. Entretanto, após um longo e cuidadoso período de reflexão introspectiva e observação do comportamento humano, cheguei à con...

Mudanças

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  Nascemos frágeis, ignorantes e completamente dependentes de terceiros. Antes mesmo de termos consciência de nossa própria existência, o ambiente em que estamos inseridos começa a nos moldar. Essa influência precoce se perpetua e se transforma na primeira regra silenciosa que aprendemos a seguir. Tornamo-nos dependentes de costumes, padrões e acontecimentos que nos cercam, predispostos a aceitar o que nos é imposto sem questionamento. E quando ousamos questionar, o fazemos de forma superficial, sem convicção. Aos poucos, somos moldados por tudo: o que comemos, o ar que respiramos, as palavras que ouvimos, os gestos que presenciamos. Cada elemento do cotidiano atua como um cinzel invisível, esculpindo nossa percepção e nossa identidade. Na infância, lutamos para nos mover, ficar de pé, caminhar. À medida que nossos corpos evoluem, nossas necessidades mudam. Aprendemos a falar, a compreender o mundo à nossa volta. Quando chegamos à escola, já carregamos uma bagagem essencial para a ...

Natal

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  O Natal é irritante porque é inevitável: todos os anos ele está presente, impossível de ignorar. Aprendi certas coisas sobre a vida por conta própria, de forma autodidata. Não foi em livros, sites ou na escola que tive acesso a determinadas informações. Tenho espiado por trás das cortinas que cobrem os bastidores da existência, tentando descobrir o que realmente move o ser humano. Como muitos, observo pessoas que transitam livremente entre a loucura e a genialidade, formando seus conceitos e filosofias. Com o passar dos anos, o Natal foi perdendo significado para mim. As experiências vividas me mostraram que os momentos dignos de lembrança e celebração estão espalhados ao longo do ano, não concentrados em datas específicas. Foram em dias comuns que conheci as pessoas mais interessantes da minha vida. Afinal, todo dia é comum até que algo especial aconteça. É da natureza dos dias começarem enfadonhos e ganharem valor ao longo das vinte e quatro horas. Mas nessa época de fim de ano...

Devaneios de consciência

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  Eis que sentimos a angústia de quem perde um ente querido. A dor da impotência invade o corpo quando tentamos, em vão, reverter o inevitável. O ar parece insuficiente para encher os pulmões, enquanto as paredes se fecham como se quisessem nos esmagar. Sufocamos à espera de uma morte que nunca chega, como se ela fosse a única libertação possível. A mente nos trai. O que vemos não é real — ou talvez seja, mas não conseguimos compreender. Estamos expostos à própria sorte, cada vez mais falha, cada vez mais traiçoeira. Buscamos refúgio em músicas antigas, em lembranças distantes, tentando extrair algum prazer que justifique uma existência tão dolorosa. Tentamos estreitar os poucos laços que temos, na esperança de que alguém compartilhe nossa dor. Valorizamos o que não importa, apenas para dar sentido aos dias de agonia. Fantasiamos uma vida melhor, mesmo sabendo que essas ilusões duram pouco. E quando se desfazem, nos resta apenas o vazio. Nossas vidas tornaram-se bizarras. Somos car...

Enxergando o óbvio

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  Uma das maiores dificuldades do ser humano é enxergar o óbvio. Talvez aí resida a origem de grande parte de seu sofrimento: a necessidade de complicar, fantasiar e distorcer aquilo que está diante dos olhos. É raro encontrar alguém com uma linha de pensamento clara e racional, pois o homem já nasce confuso — uma herança genética, talvez. Seu desejo pelo supérfluo chega a ser constrangedor quando comparado às coisas realmente relevantes para sua existência. Não consegue tomar decisões simples sem longas reflexões e, ainda assim, costuma escolher a pior opção possível. Desejar se tornou hábito, mas planejar e agir para conquistar o que se ambiciona continua sendo exceção. Aos poucos, o indivíduo absorve as leis, os gostos e os pensamentos dos outros porque não conhece a si mesmo. Vive à sombra dos que o cercam, incapaz de sustentar sua própria vontade, abandonando ideias racionais por falta de apoio externo. O filósofo chinês Lao Tsé escreveu pensamentos simples e óbvios: um copo s...

As modernas relações humanas

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  As relações humanas sempre foram objeto de reflexão filosófica ao longo das gerações. Pensadores de diferentes culturas buscaram compreender seus mecanismos, suas fragilidades e sua importância para a vida em sociedade. Contudo, ao observarmos o presente, parece que elas não evoluíram com o tempo. Pelo contrário: quanto mais o ser humano se desenvolve social e cientificamente, mais tensas e frágeis se tornam suas conexões. Talvez seja uma característica intrínseca da nossa natureza, mas é evidente que a dificuldade de se relacionar cresce na mesma proporção em que avançam a tecnologia, a fisiologia e a psicologia. Vivemos um crescimento tecnológico sem precedentes, capaz de aproximar pessoas em segundos. Telefones inteligentes, redes sociais e a globalização da internet criaram pontes que poderiam fortalecer laços. Entretanto, paradoxalmente, quanto mais aumenta o poder de comunicação, mais cresce a sensação de solidão e o egoísmo. A mesma ferramenta que permite o encontro também...