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Para que serve a teoria musical

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  🎼 Para que serve a teoria musical, afinal?                                            ✍️  Por Kako Ramos                                              A pergunta que dá nome a esta postagem me foi feita inúmeras vezes — por curiosos, aspirantes a músicos e até por gente que só queria entender melhor o que ouvia. Por muito tempo, confesso, minhas respostas eram evasivas, recheadas de explicações prontas e clichês que não convenciam ninguém sobre a importância desse conhecimento, não só para músicos, mas para qualquer pessoa com o mínimo de curiosidade cultural. Hoje, após quase quatro décadas mergulhado no estudo, na prática e no ensino da música, posso oferecer uma resposta direta e contundente. Não prometo simplicidade — mas prometo honestidade, pois...

Adeus, Ozzy!

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  Ozzy Osbourne: Acima de tudo um ícone do heavy metal Por Kako Ramos Hoje, 22 de julho de 2025, o mundo se despede de uma entidade musical que atravessou décadas, estilos, polêmicas e revoluções culturais. Ozzy Osbourne morreu aos 76 anos, cercado pela família e por uma legião de fãs que, como eu, aprenderam a ver na música não apenas entretenimento, mas como uma forma de existir. Não é fácil escrever sobre alguém que, mesmo sem saber da minha existência, influenciou diretamente minha trajetória musical. Ozzy não era apenas um vocalista de uma banda clássica — ele era um artista único e inconfundível. Um símbolo de tudo que é visceral, imperfeito, intenso e, acima de tudo, verdadeiro. Sua voz característica e sua postura no palco não eram apenas performance: eram a tradução de uma alma inquieta que nunca se conformou com as próprias limitações (era disléxico) e teve diversos problemas de saúde devido ao uso de drogas e suas atitudes extremas. ⚡ O nascimento do metal e o ato ...

Realização

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  🎸 Entre o Som e o Silêncio: Uma Jornada Musical de Quase Cinco Décadas Por Paulo Kako Ramos Ao longo da minha jornada de quase cinco décadas, tive inúmeras oportunidades de conviver com pessoas pelas quais cultivei um carinho imenso. Mesmo que hoje não mantenha contato com muitas delas — por desencontros, distanciamentos ou rupturas inevitáveis — essas relações deixaram marcas profundas. Foram parte de um contexto que fez minha vida valer a pena, pelas lembranças que carregam. Curiosamente, a mentalidade dessas pessoas era muito parecida com a minha em relação ao futuro: havia um consenso silencioso de que viver era trabalhar em um emprego enfadonho ou extenuante, receber um salário e “existir de verdade” apenas nos finais de semana, nas férias ou na aposentadoria. O que me diferenciava, talvez, era a crença de que essa rotina não seria permanente. Eu confiava que minha paixão pela música me levaria além — que ela seria a ponte para transcender barreiras financeiras, cultura...

Broken

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  Revisitando os Filhos Feios: A Redenção Sonora das Demos Perdidas Por Paulo Kako Ramos Aproveitando uma pausa entre as atividades da faculdade e o trabalho na distribuidora, decidi ouvir alguns materiais que venho acumulando há mais de dez anos — gravações, mixagens, testes e fragmentos de ideias musicais que pareciam esquecidas num canto da memória (e do HD). Para minha surpresa, aquelas produções que sempre considerei abaixo do medíocre até me soaram bem. Talvez tenha sido o vinho que bebi, ou talvez a boa vontade que tem me movido diariamente. Mas o fato é que os defeitos se tornaram menos significativos, e as composições envelheceram com mais dignidade do que eu imaginava. Claro, tudo ainda está distante do que considero ideal. Tenho me dedicado com afinco aos estudos para aprimorar minha técnica, mergulhando cada vez mais fundo nos conceitos musicais. Porém, para quem cresceu sob a filosofia punk dos anos 1990 e tem como referência estética o black metal e o grunge, desp...

A transcendência através da arte

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Já escrevi alguns textos onde cito a tal transcendência, e li outros tantos sobre o tema. Isso porque, durante grande parte da minha vida, busquei entender os motivos que me fizeram tão aficionado por música — a ponto de deixar todo o resto em segundo plano. Para se ter uma ideia, aprendi a ler partituras e a tocar violão ao mesmo tempo em que aprendia a ler e escrever na escola. O encantamento começou cedo: fiquei impressionado com os “tiozinhos” da igreja tocando nos louvores e desejei fazer aquilo também. Mais tarde, ao assistir ao Metallica no Grammy de 1989, decidi que queria montar uma banda de heavy metal. A música me seduziu por um sentimento que extrapolava a razão. Naqueles tempos juvenis, eu sequer cogitava uma profissão ou tinha qualquer preferência racionalizada sobre assuntos importantes. Mesmo tendo alguns tios que tocavam instrumentos de forma amadora, a arte — seja música, literatura ou qualquer outra — nunca foi algo valorizado no seio da minha família. Foi a parti...

A forma perfeita de se comunicar

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Quando uma pessoa consegue completar o processo que consiste em contemplar, sentir, interpretar, interiorizar e expressar algo — como uma paisagem, um fato ou algo gerado pela imaginação — de tal forma que outra pessoa consiga apreender com maior precisão o que lhe foi transmitido, ela pode se considerar alguém que realmente sabe se comunicar. Entretanto, entre o objeto a ser transmitido e a percepção de um terceiro, existe um oceano de possibilidades de ruídos e obstáculos que podem truncar, distorcer e até mudar radicalmente aquilo que originalmente se quis compartilhar. Sendo assim, não basta ter habilidade de oratória, síntese ou precisão retórica: quem receberá a informação precisa estar atento e ser culturalmente compatível com quem a transmite. Imagine um japonês tentando informar um russo sobre conceitos complexos em seu idioma nativo. Exageros à parte, o parágrafo acima busca esclarecer que a comunicação depende de diversos fatores e que a linguagem extrapola as palavras de ...

Filosofia, Linguagem e a Alma da Composição

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  Por volta de 2017, iniciei um curso online de filosofia com o intuito de desenvolver habilidades complementares aos meus estudos artísticos. A motivação era clara: enquanto músicos investem tempo e dinheiro em aprimoramento técnico — participando de fóruns, mentorias, aulas e consumindo toneladas de conteúdo especializado — percebi que havia um vazio quando o assunto era conteúdo autoral . Esse investimento técnico resulta, sem dúvida, em versatilidade, precisão e segurança na execução de peças complexas. Muitos desses instrumentistas se tornam virtuoses reconhecidos. No entanto, quando decidem escrever suas próprias músicas, frequentemente expõem uma certa infantilidade conceitual ao abordar temas como ficção científica, esoterismo, espiritualidade, política ou psicologia. O resultado? Obras que, embora tecnicamente impecáveis, soam rasas — servindo mais como portfólio para futuras gigs ou agradando apenas a outros músicos. Os exemplos são abundantes. Admiro profundamente mui...